quinta-feira, 11 de abril de 2013

As Escolhas Que, De Fato, Você Faz

Oi, gente,

Até que estou demorando menos para voltar por aqui, né? Esse é o intuito mesmo, ser mais freqüente no blog.
Sabem, essa polêmica toda de casamento gay, pastor racista e homofóbico, radicais religiosos e tudo o que vem como guarnição tem me feito pensar muito no meu falecido avô, José, carinhosamente chamado de Pastor Marques. Sim meu avô era pastor, da Assembléia de Deus. Para quem não conhece a Assembléia de Deus é uma igreja evangélica pentecostal bem tradicional, daquelas típicas mesmo. Por aí já dá para perceber qual era o posicionamento natural do meu avô com relação a todas essas polêmicas que estamos vivenciando em nossa sociedade. A Assembléia de Deus, inclusive, fez, nesta semana, um manifesto em apoio ao psicopata Pastor Marco Feliciano.
Ok, antes que eu me irrite mais - e esse não é o intuito - e já conhecidas as origens religiosas do meu avô e a postura da denominação religiosa que ele representava, posso contar a história que mais está trazendo a figura dele aos meus pensamentos e sonhos - já foram dois sonhos com ele nesta semana.
Ocorre que no final do ano de 2011 fui à casa do meu avô, em Rubiataba, e fiz aquela, que não sabia eu, seria a última visita a ele em sua casa. Tivemos uma longa conversa sobre assuntos variados. Ele me fez rir, como de praxe. Falou sobre coisa séria, como de praxe. E sobre o orgulho que sentia com relação aos filhos e netos. Além, é claro, de reforçar a importância do conhecimento, da leitura e da análise conjuntural do mundo que sempre devemos fazer para saber onde estamos vivendo. Tudo isso foi normal. Nossas conversas sempre foram assim. Meu avô - abruptamente distanciado da possibilidade de estudar regularmente, ainda criança - nunca se curvou à ignorância. Via TV, lia jornais, revistas, livros e, obviamente, o seu livro preferido: a Bíblia. Essa ele conhecia como ninguém, sabia, de cór, o livro, capítulo, versículo que referenciava para tratar de qualquer assunto que fosse.
E foi exatamente num desses momentos que ele me surpreendeu. Ele, logicamente, sabia da minha condição sexual e poderia tranqüilamente dizer o que quisesse sobre isso, afinal eu estava na sua casa, sob o seu teto, sujeito à sua autoridade. Foi o que ele fez - não abertamente, porque ele sabia se portar muito diplomaticamente - mas fez. E tão diplomaticamente quanto sabia se portar, introduziu o assunto sem que eu nem percebesse. E as palavras que ele me disse foram estas:
- Umas das pregações que eu mais tenho feito na igreja é a de Mateus 7:1-2 que diz "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós." Porque o que mais tem dentro da igreja é irmão cuidando da vida do outro, ou de quem nem está lá, e esquecendo da própria. Só Jesus pode julgar e os irmãos têm que entender isso e parar com a fofoca e a maledicência. Ninguém tem o direito de julgar ninguém.
Essas palavras foram, para mim, a maior prova de amor que já recebi dele. Elas me ensinaram que na vida você tem mesmo muitas opções. Meu avô, já no fim de sua caminhada, demonstrou que optara pelo amor e pelo respeito.
O decepcionante é pensar que muitas pessoas não se permitem escolher, elas se condicionam a escolhas alheias e se sujeitam a dogmas absurdos. Eu, na minha vida, já escolhi várias vezes e sei que terei ainda que considerar muitas opções. Eu optei por liberdade ao invés de cárcere, por criticidade ao invés de alienação, por amor ao invés de ódio e por ser feliz ao invés de ser evangélico.
E você? Quais são as opções que tem feito na vida? Será que elas têm valido a pena?

quarta-feira, 27 de março de 2013

O Bacanal Evangélico e o Nocaute aos Direitos Humanos no Brasil

Outro dia escrevi, no facebook, sobre a moderação, o meio-termo e a não radicalidade das opiniões, mas a cada dia que passa fico mais incomodado com o que ocorre à minha volta. De fato, eu havia me prometido que não entraria no mérito religioso e que não participaria dessa polêmica guerra civil ideológica que nossa sociedade está vivendo. Mas se vocês bem me conhecem, estavam só esperando para ver quanto tempo eu agüentaria, não é? Pois é, pouco.

Ocorre que a cada dia que passa eu vejo que estamos caminhando para uma sociedade extremamente intolerante e radical. As igrejas evangélicas, com seus controversos líderes infiltrados no seio da representação democrática, estão criando um exército disposto a tudo para defender os 'princípios cristãos'. Sob a pele de cordeiro da 'liberdade de expressão' está escondida a mais perversa e perigosa postura inquisidora. A já conhecida perversidade humana - aquela que nos faz vibrar e aplaudir quando um bandido é morto, ou quando ocorre uma chacina em um presídio - une-se a uma manipulação dogmático-religiosa e a um radicalismo altamente nocivos ao convívio social.

As propostas da bancada evangélica e sua postura só demonstram que ela não tem interesse absolutamente algum em promover justiça e paz social. Ora, um país em paz e com justiça social representaria um grande risco para a sua dominação. Os líderes evangélicos conduzem suas ovelhas e as adestram para serem obedientes e acríticas, e tem funcionado. Ora, o evangelho de Cristo eles jogam na lata do lixo. O evangelho do amor para eles não tem valor. A interpretação conveniente da bíblia é feita pelos pastores e aceita pelas ovelhas. Então, eles criam um novo evangelho, um evangelho que não é bem assim de Cristo. É uma doutrina torta, moldada, que serve a interesses escusos e vis. Uma doutrina que tem êxito ante as mentes mais reacionárias e cruéis. Está se formando um grande exército da intolerância, que tem demonstrado sua crueldade especialmente por meio das redes sociais. São militantes treinados para mentir, incitar o ódio, distorcer discursos e praticar todo tipo de mal que conseguirem, sob o pretexto de estarem em defesa da moral, da família e dos bons costumes. Pasmem! O exército cresce e ganha força. Arrisco-me até a dizer que seja uma nova corrente teológica: a teologia do ódio. Gente que xinga, difama, mente, agride e, quem sabe em breve, queima os pecadores na fogueira.

Tenho pavor do que está por vir, não parece nem um pouco esperançoso. A influência evangélica aumenta na política e a cada dia a democracia leva um soco na cara: como, por exemplo, um partido que se denomina cristão e participa de um conluio para colocar um líder religioso que discursa contra minorias na presidência de uma comissão que trata exatamente deste assunto, para tirar o foco de outras posturas ainda mais inadmissíveis; ou ainda, a proposta de entidades religiosas poderem questionar a constitucionalidade de leis junto ao STF. Querer suprimir a Constituição de um país por um livro religioso não tem nada de belo, nem é digno de aplausos. O Brasil retrocede rumo a uma triste e sombria teocracia.

A violência praticada pela supressão dos direitos à liberdade, em suas mais variadas formas, é digna de lágrimas. Lágrimas de sangue, de todos aqueles que sofreram, lutaram e se sacrificaram na expectativa de que nós vivêssemos numa sociedade mais digna, justa e tolerante. Os religiosos que conduzem o seu gado por esse caminho de intrigas e enganos banham-se no sangue inocente de todos aqueles que morrem em virtude dessas posturas. E, como porcos, chafurdam num lamaçal de corrupção, ganância e mentiras.

Estamos presenciando um momento histórico, uma nova cruzada, uma 'guerra santa', em território brasileiro. Acho que a história não conseguiu ensinar nada a ninguém. Ou melhor, acho que a história não conseguiu abrir os olhos da grande massa, dita povo. Ela continua ignara - estúpida mesmo - e com uma criticidade medíocre, se é que há alguma. A pergunta que fica é: será que ainda resta esperança?



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Por Onde Andará o Português?

Oi, gente!

Faz tempo, muito tempo, que não escrevo por aqui. Na verdade isso acontece porque eu me esqueço mesmo e porque com o advento do Facebook, a gente acaba não fazendo outra coisa. Geralmente eu reclamo bastante e ponho defeito em tudo, como vocês já devem ter percebido. Desta vez não vai ser diferente.

Ocorre que, a cada dia que passa, fico mais chocado em como, cada vez mais, as pessoas sabem menos escrever e falar em Português. Não, não estou falando do Português de Portugal, é o daqui mesmo, do Brasil.

Não precisa ser um lingüista, ou um profundo conhecedor do idioma, basta ter noção de acentuação, ortografia e pontuação. Isso já ajuda, e muito. Acho que tenho até que tomar cuidado ao falar desse assunto porque daqui a pouco vão me acusar de preconceito lingüístico, vão me chamar de 'representante da hegemonia branca, de classe média e heterossexual', enfim, todo esse discurso enfadonho que já conhecemos.

Notem que eu não estou cobrando de ninguém que abandone a linguagem coloquial e utilize-se apenas da linguagem culta em suas conversas, até porque isso seria muito chato, apesar de elegante. Mas linguagem coloquial é falar 'a gente foi' e não 'umas meia hora', entende? Sim, a falta de plural, concordância e regência na língua falada assusta e deixa essa fala muito feia.

E a escrita. Ah, a escrita. Outro dia recebi uma correspondência aqui na biblioteca que estava endereçada ao 'campos' Goiânia! E o pior, esse documento vinha remetido por outro 'campos' do IFG. Aí vai aparecer alguém para falar 'ah, mas o que interessa é a comunicação; se houve comunicação, cumpriu-se o propósito'. Acontece que, às vezes, os textos são tão mal escritos que essa comunicação fica comprometida e não dá mesmo para se entender a mensagem. Então, não escrever direito atrapalha a vida de todo mundo porque se torna uma reação em cadeia. Se a comunicação começa com ruído, no final ela vai apresentar um estrondo ensurdecedor.

A propósito, acho um despropósito esse Novo Acordo Ortográfico. Ele fez uma verdadeira bagunça com a hifenização e os acentos que suprimiu são essenciais para o conhecimento da pronúncia, isso sem falar do trema, pobre trema, tão simpático, útil e foi brutalmente extinto. Tomara que esse desrespeito à nossa língua não vingue. Já foi adiado para 2016 e até lá eu continuo escrevendo do mesmo jeito e prestigiando o trema.

Então, é isto, desabafo posto, encerro o post, que, em suma, é só pra pedir um pouco mais de estima pela Língua Portuguesa. Assim como lutamos para valorizar nossa cultura, nossos ancestrais, nossas raízes, temos que lutar pela sobrevivência do Português, ou daqui a pouco vamos perder a capacidade de nos comunicar.

Um abraço para vocês, e até a próxima postagem.